Encontros e desencontros
Tentamos. Acordamos de manhã com a arrogância de quem tem um dia inteiro programado pela frente. Aos poucos, vamos tratando de viver uma rotina que criamos em nossas cabeças, desejando as mesmas coisas, se arrumando para ir aos mesmos lugares com as mesmas pessoas. Reclamamos das mesmas coisas, pensamos da mesma forma sobre os mesmos assuntos.
Sem perceber, nos anulamos. As possibilidades vão se esvaindo nas escolhas que fazemos ao longo do dia. É impossível ganhar algo sem perder alguma coisa. No momento que escolhemos A, o B não está em jogo. A lógica é simples, difícil é aceitarmos isso. Somos megalomaníacos, queremos tudo.
Esperamos sempre um momento para a virada. Mas 14:37 de uma terça-feira de junho nunca parece uma hora glamourosa para tal evento. Precisamos de mais: de entradas triunfais, frases perfeitas, música ao fundo (de preferência aquela que ambientou a nossa ilusão ao ouvir o mp3 player). Temos que estar belos, nos articular com perfeição e não deixar nada abalar a nossa auto-confiança.
Como somos ridículos!
Não conheço ninguém assim. Eu mesmo, que vivo tentando acreditar que sou assim, não passo de mais um que tenta, mas que se acha especial demais para errar. Bobão! Até os sabão em pó OMO já trabalha isso na comunicação: se sujar faz bem. Claro! Nos faz crescer.
A vida é feita de encontros e desencontros. De vontades. Isso precisa muito ser respeitado, não há vida saudável fora desse contexto.
"Não se preocupe em entender, viver ultrapassa todo o entendimento."(Clarice Lispector)
Eu estou com vontade de viver. Que venham os encontros! Os desencontros, vou levando em paralelo.